Policiais invadem festa junina no Rio, matam jovem e deixam cinco feridos
Redação DM
Publicado em 9 de junho de 2025 às 09:01 | Atualizado há 3 dias
Uma tradicional festa junina realizada na comunidade do Morro do Santo Amaro, no Catete, Zona Sul do Rio de Janeiro, terminou em tragédia. Uma operação do BOPE interrompeu o evento, causando pânico entre os presentes e resultando na morte de um jovem e ferimentos em outras cinco pessoas. O caso gerou comoção social e abriu investigações sobre o uso da força policial em eventos comunitários.
A Polícia Militar afirma que a intervenção foi motivada por denúncias de que criminosos armados estariam reunidos na região. A ação começou durante a madrugada, em meio a uma celebração familiar com quadrilhas, comidas típicas e dezenas de crianças no local. Segundo a versão oficial, os policiais teriam sido recebidos a tiros e não revidaram.
Herus Guimarães Mendes da Conceição, de 23 anos, foi baleado e não resistiu aos ferimentos. Outras cinco pessoas ficaram feridas, entre elas um adolescente de 16 anos. As vítimas foram socorridas e encaminhadas ao Hospital Glória D’Or e ao Hospital Municipal Souza Aguiar.
Moradores que estavam no local contestam a versão da PM. Segundo relatos, não havia confronto nem presença de traficantes no momento da ação. “Crianças foram pisoteadas, pessoas gritavam, choravam. Foi aterrorizante”, afirmou uma moradora. A comunidade afirma que a festa era pacífica e que a polícia chegou atirando.
A Corregedoria da PM e a Polícia Civil abriram investigações para apurar a atuação dos agentes. As câmeras corporais foram recolhidas e estão sendo analisadas. A Delegacia de Homicídios também acompanha o caso.
A operação foi amplamente criticada por entidades de direitos humanos, defensores públicos e parlamentares. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, classificou o episódio como “revoltante e desesperador”. O deputado Chico Alencar (PSOL) e a deputada Marina do MST (PT) cobraram providências e responsabilizações.
Moradores realizaram um protesto em frente à 9ª DP, exigindo justiça e respeito à comunidade. Para eles, a violência policial compromete não apenas a segurança física, mas também o direito de viver a cultura e a tradição em paz.
As investigações seguem em andamento, com a promessa de que as imagens das câmeras corporais e os laudos técnicos esclarecerão os fatos. Enquanto isso, a comunidade do Santo Amaro chora uma perda irreparável e exige respostas.